segunda-feira, 28 de junho de 2010

O MEU CAMINHO - ANTES - Parte - 1

De um modo geral, tudo o que tenho falado sobre o meu Caminho, tem sido de uma forma descritiva. Vou agora, tentando não me repetir, fazer uma análise da forma como tudo se desenrolou.

Olhando, agora, à distância tenho alguma dificuldade em eleger a parte que mais me entusiasmou, se o antes, se o durante, se o depois.

A preparação foi muito vivida de pormenores, o caminho foi emocionante e o que se segue, quer parecer-me que não mais terá fim.

O que vou falar, é simplesmente a minha opinião, o que eu senti e vivi, não poderá ser regra ou a melhor opção para outros. Todos somos diferentes e daí que o que resulta para mim pode não resultar para outro e nem todos sentimos as coisas da mesma forma. Há, contudo, boas práticas que resultam em qualquer circunstância.

Sempre vivi muito a preparação das coisas. Por vezes, até fiquei com a sensação de pena por terminarem os preparativos e o “grande dia” ser já amanhã... Este caso não foi excepção, apesar de o tempo de preparação ter sido muito longo (meses de Março, Abril, Maio e Junho). Os primeiros dois meses foram os mais intensos. Como a ideia inicial era ir sozinho, nada podia ficar ao acaso.

Depois de me ter comprometido com o projecto fiz uma análise mais ou menos exaustiva de tudo o que encontrei na Internet. A informação existente é imensa. Por fim, fixei-me no Caminho que ia fazer, o Caminho Central Português. Passei em vários locais com a sensação de que já os conhecia, tal foi o pormenor do estudo, utilizando o Google Earth. De seguida focalizei-me nos possíveis locais de pernoita, organizando-os no sentido do caminho.

Paralelamente já o suporte dos alforges ganhava forma e a bicla rolava quase diariamente. Depois, a bicicleta que com cerca de 14 anos (Kona Sex Tree) requeria muitos cuidados. Passou pela oficina, mas o essencial, mais moroso e difícil foi feito por mim. É de grande importância conhecer bem a máquina e saber afiná-la, especialmente quando se viaja em autonomia, como foi o caso.

No primeiro mês quase tudo estava pronto. Reuni e pesei o material que levaria. Depois de instalado o suporte dos alforges, fiz vários testes com carga o que levou a várias alterações, sendo que a principal foi baixar, o mais possível o centro de gravidade da carga o que melhorou muito a condução. Instalei tudo o que me pareceu importante na bicicleta: Gps, ciclómetro com pulsómetro, telefone, campainha, prancheta para tomar notas (esta revelou-se inútil), bolsas de transporte para ferramentas, comida, máquina fotográfica, etc. Tive especial preocupação com a diversificação dos locais para levar documentos e cartões multibanco e crédito.

Cerca de um mês antes da data prevista de partida, tinha tudo preparado para avançar.

Em termos físicos, nunca fui uma atleta... tirando umas voltitas de bicicleta, quase que posso dizer que nunca fiz outro desporto, a não ser motorizado. Consciente do rigor do desafio que me tinha proposto, comecei por treinar o maior número possível de vezes e pouco tempo de cada vez (cerca de uma hora de cada vez). A minha especial preocupação, aqui, foi detectar os meus pontos fracos e logo encontrei dois, sendo que mais crítico foi o do contacto do corpo com o selim. Com o decorrer do tempo e dos treinos, a coisa melhorou, mas acabei por passar a usar a almofada de gel o que foi uma boa opção. Tive também alguma cãibras que foram desaparecendo com o passar do tempo e talvez porque passei a comer duas bananas por dia.

Em termos de alimentação, passei a evitar ingerir gorduras animais, massas e batatas. Nos últimos quinze dias, quando tinha perdido cerca de dois kgs passei a comer com grande frequência massas e afins. Achei que com este processo perdi bastantes gordura e senti mais firmeza nas zonas musculares.

Nesta fase de preparação, dei muita importância à questão psicológica. A minha primeira ideia, era fazer a viagem de ida e volta, o que à primeira vista parece megalómano. Contudo, agora posso confirmar que não era porque, como na altura pensei, tinha os ingredientes mais importantes, como sejam, o tempo, a vontade e as condições mínimas, que até fui melhorando... O meu pensamento foi sempre à volta de que se não conseguisse fazer 100Km/dia, 50 seria pacífico. De vez em quando, lembrava-me do ditado: -”Cesteiro que faz um cesto, faz um cento... desde que lhe dêem verga e tempo...”


Este blog acabou por levar a um substancial alteração do projecto. Os contactos do Hélder Neves levaram a que a inicial intenção de fazer o Caminho sozinho se dissipasse a favor da companhia dele.

A partir daqui, senti que a componente aventura do caminho perdeu valor, mas riscos de vária ordem, reduzem-se substancialmente uma vez que dispunha de ajuda em situações de dificuldade.

Tinha preparado o Caminho Central Português, mas o Hélder pretendia passar por Fátima e a partir de Rates seguir pelo Caminho da Costa. Como ele já tinha feito um bom trabalho, limitei-me a inteirar-me dele e logo concordei com a opção.

O atraso da data de partida em cerca de um mês, propiciou mais treinos, de forma que o total de kms percorridos nos treinos ultrapassou largamente os do Caminho.

Tudo pronto para a partida, confiante e apenas com pequenos, mas convenientes receios.

- O PRÓXIMO POST SERÁ SOBRE O CAMINHO EM SI -

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